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 TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR

 

As partículas contendo cobalto podem desencadear situações de asma ocupacional, como consequência da sensibilização ao cobalto. Já foram identificadas IgE e IgA  específicas contra o Co, em indivíduos com asma brônquica, que trabalhavam em indústrias onde o cobalto é manipulado, sugerindo que a asma desenvolvida seja consequência de uma resposta alérgica ao cobalto [14].

 

Segundo a National Institute of Occupational Safety and Health (NIOSH), estes efeitos a nível do trato respiratório podem ser observados em concentrações na ordem dos 0,06mg/m3 de Co [18].

 

A exposição industrial a este metal pode ainda desencadear uma forma grave de fibrose pulmonar: doença do metal duro ou “hard metal disease”.  Esta patologia é resultado do processo inflamatório subjacente à permanente presença do cobalto no parênquima pulmonar. Neste processo inflamatório participam os macrófagos que tentam fagocitar o material inorgânico e libertam citoquinas levando à proliferação de fibroblastos e deposição de colagénio, desenvolvendo-se, deste modo fibrose pulmonar [19]. 

Efeitos no Homem

 TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR

 

O efeito tóxico é resultado de uma ação irritativa das partículas contento cobalto ou ainda de uma resposta imunológica, sendo que se manifesta através de inflamação nasofaríngea ou rinite alérgica [9].        

Efeitos Pulmonares

A inalação de partículas contendo cobalto podem exercer efeitos tóxicos tanto no trato respiratório superior (nariz, faringe, laringe) como no trato respiratório inferior (árvore brônquica e parênquima pulmonar) [9].

Apenas uma pequena percentagem de trabalhadores expostos ao cobalto desenvolvem este tipo de fibrose pulmonar, pelo que a variabilidade genética, diferenças na reposta imune e sistemas de proteção celular de cada indivíduo apresentam um papel importante para o risco de desenvolvimento desta patologia [8].

 

Por outro lado, o tipo de poeiras inaladas também influencia a resposta imunológica, sendo que num ambiente industrial os trabalhadores não estão unicamente expostos à poeira do cobalto, mas sim a uma mistura de compostos. Estudos in vitro com macrófagos peritoneais e alveolares de rato mostram que a reatividade à mistura de cobalto e carbeto de tungsténio é claramente maior que a reatividade a cobalto e ao tungsténio puro. Por sua vez, o cobalto puro leva a uma inflamação moderada, enquanto que a mistura de cobalto e tungsténio leva a uma alveolite grave e edema pulmonar fatal, visto que a presença de carbeto de tungsténio aumenta a captação de cobalto por parte dos macrófagos [8].

 

Noutro sentido, também é sugerido que os efeitos nefastos do cobalto a nível respiratório surgem como consequência da ação dos radicais livres produzidos pela forma iónica do cobalto, em particular o carboneto de tungsténio, um potente formador de espécies reativas de oxigénio (ROS). Quando partículas de cobalto e carbeto de tungsténio se entram em contacto ocorre uma reação semelhante à de Fenton, havendo uma transferência de eletrões por parte do cobalto para a superfície das partículas de carbeto de tungsténio, originando espécies reativas de oxigénio [8].

 

Trabalho realizado no âmbito da disciplina de Toxicologia Mecanística no ano lectivo 2013/2014 do Curso de Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP). Este trabalho tem a responsabilidade pedagógica e científica do Prof. Doutor Fernando Remião (remiao@ff.up.pt) do Laboratório de Toxicologia da FFUP (www.ff.up.pt/toxicologia/), Portugal.

 

 

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